O Caliban
Caliban é um centro de pesquisas focado em análises comparadas acerca do colonialismo, inspirado no potencial metafórico do personagem criado por William Shakespeare e na complexidade de significados que ele concentra.
Quem é
Caliban também é um dos personagens da peça A Tempestade, de William Shakespeare, encenada pela primeira vez em 1611. A origem de seu nome remonta, provavelmente, à palavra “canibal”.
Caliban é nativo de uma ilha caribenha fictícia e foi forçado pelo mago Próspero a abrir mão de sua soberania e de sua liberdade. Desde então, Caliban recebeu inúmeras releituras, se adaptando a diferentes contextos, sendo reinventado por diversos autores.
Em algumas obras ele passou a ser o símbolo da insubordinação ao colonialismo, a exemplo das peças do poeta martiniquenho Aimé Césaire e das composições da escritora indiana Suniti Namjoshi.
Ultrapassando sua solidão insular, Caliban se transformou em verdadeiro nômade dos mares, consumando sua vocação universal em meio a tempestades nas mais diversas paragens: das Américas, à África, passando pela Ásia, ele retorna recorrentemente como signo poético e imagem política para simbolizar este que é o fenômeno decisivo da modernidade: o colonialismo.
O que SOMOS
Inspirados no potencial metafórico deste personagem, o Caliban é um centro de pesquisas focado em análises comparadas acerca do colonialismo.
O núcleo surge para congregar pesquisadores que tenham no colonialismo seu objeto central de estudos, independentemente do marco cronológico ou espacial de suas pesquisas.
Inspirados no pensador cubano Roberto Fernández Retamar, procuramos assumir a postura de Caliban, cientes de suas ambiguidades, e também de suas potencialidades.
Pensamos na produção do conhecimento para além do servilismo epistemológico com o Próspero Norte Global.
O Caliban é coordenado pelo Professor Felipe Paiva e está sediado no Instituto de História da Universidade Federal Fluminense.
Malungos
Malungo: Palavra de origem kikongo usada por africanos no Brasil para designar pessoas com quem tinham relação de companheirismo e amizade. Malungos eram aqueles que atravessavam o oceano no mesmo navio durante o tráfico transatlântico. Em nosso contexto, Malungos são aqueles que compõem o Caliban, investigadores atados à mesma jornada, mareantes e condutores da mesma embarcação.
Felipe Paiva
Pesquisador efetivo
Felipe Paiva é professor de História da África na Universidade Federal Fluminense (UFF). Fundador e coordenador do Caliban – Experiências coloniais comparadas. Suas pesquisas se concentram principalmente na análise do discurso colonial em perspectiva comparativa crítica e no pensamento anticolonial. É autor dos livros Indômita Babel (Ed.UFF, 2017), Resistência e Revolução na África (Fábrica, 2019) e A Biblioteca do Selvagem (Elefante, no prelo). Felipe é também romancista, autor de Descaminho (Kotter, 2021).
Lorenzo Veracini
Pesquisador efetivo
Lorenzo Veracini ensina história e política na Swinburne University of Technology, em Melbourne, Austrália. Sua pesquisa se concentra na história comparativa de sistemas coloniais. É autor de Israel and Settler Society (Pluto Press 2006), Settler Colonialism: A Theoretical Overview (Palgrave 2010), The Settler Colonial Present (Palgrave 2015), The World Turned Inside Out (Verso 2021) e Colonialism: A Global History (Routledge 2022). Lorenzo também coeditou o The Routledge Handbook of the History of Settler Colonialism (2016), administra o blog de estudos coloniais e foi editor fundador do periódico Settler Colonial Studies.
Leonardo Marques
Pesquisador Associado
Doutor em História pela Emory University (2013). Professor de História da América Colonial, desenvolve pesquisas sobre a história ambiental da era colonial.
Travessias
Leonardo Marques é membro do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Foi pesquisador visitante na School of Oriental and African Studies (SOAS, Londres) e bolsista da John Carter Brown Library. É autor de Por aí e por muito longe: migrações, dívidas e os libertos de 1888 (Apicuri, 2009) e The United States and the Transatlantic Slave Trade to the Americas, 1776-1867 (Yale University Press, 2016), além de inúmeros artigos e capítulos de livro em torno da história do tráfico de escravos, da escravidão e de suas relações com o capitalismo. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre a história ambiental da era colonial, com foco específico na história da mineração nas Américas.
Marcelo Bittencourt
Pesquisador Associado
Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense, é professor associado de História da África do Instituto de História da UFF. Realiza pesquisas sobre Angola.
Travessias
Marcelo Bittencourt também é mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisa sobre Angola, com especial ênfase no estudo do colonialismo, da luta de libertação e da Guerra Civil. É bolsista produtividade do CNPq. Publicou, entre outros, Dos Jornais às Armas. Trajectórias da Contestação Angolana (Lisboa: Vega, 1999), “Estamos Juntos!” O MPLA e a luta anticolonial, 1961-1974 (Luanda: Kilombelombe, 2008), Jogando no campo do inimigo: futebol e luta política em Angola (In: Mais do que um jogo: o esporte e o continente africano. Rio de Janeiro: Apicuri, 2010), Nacionalismo, estado e guerra em Angola (In: A questão nacional e as tradições nacional-estatistas no Brasil, América Latina e África, Rio de Janeiro: FGV, 2015), Diversidade, escolhas e contextos nas memórias da Casa dos Estudantes do Império (In: Casa dos Estudantes do Império: dinâmicas coloniais, conexões internacionais, Lisboa: Edições 70, 2017), Sport and Politics in Angola`s Final Colonial Years (The International Journal of the History of Sport, v.35, p.356 – 373, 2019), History of Sport in Lusophone Africa (em colaboração com Andrea Marzano e Victor Melo, In: Oxford Research Encyclopedia of African History, 2021), Violência extrema na guerra de libertação angolana (In: Portugal e os 60. anos da guerra em África. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2022). Reflexões atlânticas: perspectivas e abordagens sobre a história da África (In: Diálogos historiográficos: memória, história e tempo presente no Brasil e na Argentina. São Paulo: Letra e Voz, 2023).
Verónica Secreto
Pesquisadora Associada
Doutora pela Unicamp, com pós-doutorado pela Harvard University. Suas pesquisas se concentram em temas sobre a História rural e a História da escravidão.
Travessias
María Verónica Secreto é professora de História, formada na Universidade Nacional de Mar del Plata (UNMDP – Argentina); fez mestrado na Universidade Federal Fluminense e doutorado na Unicamp. Foi professora efetiva das universidades Federal do Ceará e Federal Rural do Rio de Janeiro. Realizou pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (2014) e na Harvard University (2019). Pesquisa temas relacionados com a história rural e a História da escravidão. Autora de: Soldados da Borracha. Trabalhadores entre o sertão e a Amazônia no governo Vargas (Perseu Abramo, 2007); Fronteiras em Movimento: Brasil e Argentina no século XIX. História Comparada (EDUFF, 2011); (Des) medidos: a revolta do quebra-quilo (1874-1876) (Mauad X 2011); Negros em Buenos Aires (Mauad X/Faperj, 2013); O sul do Sul. Geopolítica, mercadorias e atores nos mares do sul. O Rio da Prata no século XVIII. (Mauad X/Faperj, 2022). Organizou, junto a Viviana Gelado, Afrolatinoamerica. Estudos Comparados (MAUAD X/ Faperj, 2017); com Flávio Gomes: Territórios ao Sul: escravidão, escritas e fronteiras coloniais e pós-coloniais na América (7 Letras, 2017); e com Jonis Freire: Formas de Liberdade: Gratidão, Condicionalidade e Incertezas no Mundo Escravista nas Américas (Mauad X/ Faperj, 2018) e História, como se faz? Exercícios de metodologia da história sobre escravidão e liberdade. (Fino Traço, 2022).
Núbia Aguilar Moreno
Pesquisadora Associada
Doutoranda em História pela Universidade de São Paulo, pesquisa sobre África do Sul e publicações na área de História da África contemporânea, gênero e ensino da História da África.
Travessias
Núbia Aguilar Moreno é formada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre na mesma área pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), possui doutorado em andamento pela Universidade de São Paulo, no Programa de Pós-Graduação em História Social. Trabalha na área de História da África, com pesquisa sobre África do Sul e publicações na área de História da África contemporânea, gênero e ensino da História da África, com foco na Lei 10.639/03.
Bianca Alabias
Mestranda
Mestranda em História Social da Cultura pela PUC-Rio, estuda colonialismo em Moçambique a partir da literatura.
Daniel Barreto
Mestrando
Além de integrante do Caliban é mestrando em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Sua pesquisa tem como foco imperialismo e violência sexual no leste asiático. Também possui interesse em áreas como História Econômica e Teoria da História.
Giovanna Carlomagno
Graduanda
Estudante da Universidade Federal Fluminense e pesquisadora na área de história das lutas anticoloniais e levantes revolucionários no Sudeste Asiático, com ênfase na luta anticolonial filipina.
Juliana Veloso
Mestranda
Professora de História formada pela Universidade Federal Fluminense e mestranda em História Social na mesma instituição
Maria Francisca Theberge
Graduanda
Estudante de História (UFF), bolsista PIBIC/CNPq com pesquisa sobre o colonialismo britânico no Oriente Médio no século XX. Além de bolsista no Projeto “50 anos do Centro de Estudos Afro-asiáticos (CEAA)” na UCAM, administra as redes sociais do Caliban.